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Representação em Portugal
Notícia8 de outubro de 2020Representação em Portugal5 min de leitura

O potencial da indústria dos dados, porque partilhamos notícias falsas e o dilema entre o potencial e o poder dos algoritmos: uma conversa entre Diogo Queiroz de Andrade

Estreia hoje, 8 de outubro, o oitavo episódio do podcast «A Europa aos 70» - #AEuropaaos70 - da Representação da Comissão Europeia em Portugal, com uma conversa com Diogo Queiroz de Andrade e Joana Gonçalves de Sá. Moderada por Sofia Colares Alves...

A Europa aos 70

O episódio está disponível em vídeo na conta da Representação da Comissão Europeia em Portugal no Youtube e em áudio nas plataformas de podcast.

A Europa ainda vai a tempo de liderar na área do digital? «Espero que sim» confessa Joana Gonçalves de Sá que dá vários exemplos como «só a União Europeia é que tem tido este papel» de dar destaque à necessidade de proteger os direitos e a privacidade. Já liderou com as normas de proteção de dados que depois foi seguida por muitos países e «espero que assuma essa liderança de uma forma muito forte» porque não só há a necessidade, como há «um potencial estratégico» e de novos negócios muito grande na privacidade, remata a investigadora. Diogo Queiroz de Andrade acrescenta que há muitos dados industriais que «podem e devem ser usados para melhorar as próprias indústrias», como é o caso do setor automóvel ou no domínio ambiental e de eficiência energética. O maior problema é «a enorme lentidão» em encontrar respostas: «o risco de demorarmos muito a fazer a legislação necessária é que quando lá cheguemos já seja tarde mais».

Os dois especialistas, com perspetivas complementares, defendem mais controlo e regulamentação, especialmente ao nível dos algoritmos que servem para selecionar e disponibilizar informação aos consumidores nas redes sociais. Joana Gonçalves e Sá deu exemplos de como os investigadores não europeus pisam muitas vezes a ética, mas é legal, e defendeu que devemos focar-nos no longo prazo onde temos acesso à informação que queremos, mas dentro dos valores que defendemos e sem atropelos aos nossos princípios.

Diogo Queiroz de Andrade fala dos perigos do poder sem controlo das plataformas e redes sociais e de como os algoritmos que usam levam à «enorme polarização da sociedade» e reforçam as desigualdades e preconceitos da sociedade. Joana acrescenta exemplos de como a desinformação mina a confiança e destrói o tecido social e ambos descrevem o código de conduta como algo que foi interessante para começar, dado que a legislação demora, mas pouco eficiente e que «rapidamente se tem de dar o passo para a regulamentação» e com consequências concretas para quem não a cumpra. «Nenhuma indústria se autorregula», remata Diogo.

Na luta contra a desinformação, Joana Gonçalves de Sá tem dúvidas sobre se poderá ser só pela educação porque «eu até posso ter 100% no teste de biologia», mas no que confiamos é nas pessoas próximas e que nos podem fazer crer em teorias contrárias ao que a ciência valida. Para Diogo, os dados das investigações neste tema são «dramáticos» e não nos permitem ser muito otimistas, e por isso destaque como é interessante que a presidente da Comissão Europeia «não tenha tido medo» de tomar posição em relação aos países que interferem com intenção de deteriorar os processos democráticos.

As medidas não podem ser apenas tecnicistas porque este «é um problema profundamente humano», alerta Joana referindo que esta é uma corrida difícil e temos de ir à raiz do problema: «os humanos partilham e acreditam muito mais notícias falsas», ao que Diogo acrescenta que preferimos notícias falsas «porque elas são construídas para serem mais sedutoras». A conversa continua e toca ainda temas tão intrincados, mas essenciais, como o dilema do controlo e da possível censura, de como este é um desafio geopolítico, passando por colchões inteligentes, fact checkers e bots.

Uma conversa a ver e ouvir na íntegra no canal da Representação da Comissão Europeia em Portugal no Youtube e disponível nas plataformas de podcast. O nono episódio sairá no dia 15 de outubro e trata dos temas Ambiente e Energia com Bárbara Leão de Carvalho e António Bento.

Contexto

O podcast «A Europa aos 70» - #AEuropaaos70 - da Representação da Comissão Europeia em Portugal nasce no verão de 2020 para pensar a União Europeia pós-COVID-19, dos 70 anos da Declaração Schuman ao #NextGenerationEU. Em 10 episódios, Sofia Colares Alves, representante da Comissão Europeia em Portugal, modera conversas sobre o projeto europeu tocando em temas tão diversos que vão da coesão à economia, do ambiente à saúde, da cultura à ciência.

O primeiro dos 10 episódios conta com uma animada conversa entre Elisa Ferreira, comissária europeia da Coesão e Reformas, e Henrique Raposo, escritor e comentador. O segundo, sobre o tema da saúde, teve como convidados André Peralta Santos e Pedro Pita Barros e o terceiro debateu economia com Susana Peralta e Vítor Bento. O papel da ciência no contexto atual foi o tema do quarto episódio com Maria Manuel Mota e Carlos Moedas e a reforma institucional e Estado de direito fomentou, no quinto, a conversa com Miguel Poiares Maduro e Rui Tavares. Madalena Meyer Resende e Raquel Vaz Pinto foram as convidadas do sexto episódio para os temas da política externa e da defesa. O espaço público europeu, o jornalismo e a cultura preenchem o episódio sete com Catarina Carvalho e Mafalda Dâmaso.

O primeiro podcast foi lançado a 6 de agosto e os sete primeiros episódios estão disponíveis em formato de vídeo na conta da Representação da Comissão Europeia em Portugal no Youtube e em áudio nas plataformas de podcast. Acompanhe os teasers e os lançamentos nas contas da Representação da Comissão Europeia em Portugal no Facebook, Twitter e Instagram e com o marcador #AEuropaaos70.

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Data de publicação
8 de outubro de 2020
Autor/Autora
Representação em Portugal