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Representação em Portugal
Notícia11 de junho de 2020Representação em Portugal8 min de leitura

Relatório da Comissão mostra importância da resiliência digital em tempos de crise

A Comissão Europeia publicou hoje os resultados de 2020 do Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade, que monitoriza o desempenho digital global da Europa e acompanha o progresso dos países da UE em matéria de competitividade digital.

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O Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade (IDES) deste ano mostra progressos em todos os Estados‑Membros e em todos os domínios fundamentais medidos no índice. Estes progressos são ainda mais importantes no contexto da pandemia de coronavírus, que demonstrou quão essenciais se tornaram as tecnologias digitais que facilitaram a continuação do trabalho, a monitorização da propagação do vírus e a aceleração da procura de terapêuticas e de vacinas. Além disso, os indicadores IDES relevantes para efeitos da recuperação mostram que os Estados-Membros deverão intensificar os seus esforços para melhorar a cobertura das redes de capacidade muito elevada, atribuir o espetro 5G de modo a permitir o lançamento comercial de serviços 5G, melhorar as competências digitais dos cidadãos e digitalizar as empresas e o setor público.

Margrethe Vestager, vice-presidente executiva da Comissão Europeia, declarou: «A crise do coronavírus demonstrou quão crucial é que os cidadãos e as empresas estejam ligados e possam interagir entre si em linha. Continuaremos a colaborar com os Estados-Membros para identificar os domínios em que é necessário mais investimento para que todos os europeus possam beneficiar das inovações e dos serviços digitais.»

Thierry Breton, comissário do Mercado Interno, acrescentou: «Os dados que publicámos mostram que a indústria está a utilizar, hoje mais do que nunca, soluções digitais. Precisamos de assegurar que isso aconteça também ao nível das pequenas e médias empresas e garantir a implantação das tecnologias digitais em todos os setores da economia.»

No contexto do plano de recuperação da Europa, adotado em 27 de maio de 2020, o IDES será utilizado como base para as análises específicas por país, em apoio das recomendações do Semestre Europeu no domínio digital. Esse processo ajudará os Estados-Membros a estabelecerem metas e prioridades no que respeita às suas necessidades em termos de reformas e de investimento, facilitando assim o acesso ao Mecanismo de Recuperação e Resiliência, no valor de 560 mil milhões de EUR. Graças aos fundos disponibilizados pelo mecanismo, os Estados-Membros poderão tornar as suas economias mais resilientes e assegurar que os investimentos e as reformas apoiem as transições verde e digital.

Principais conclusões do IDES de 2020

A Finlândia, a Suécia, a Dinamarca e os Países Baixos lideram a UE em termos de desempenho digital global, imediatamente seguidos por Malta, a Irlanda e a Estónia. O Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade a nível internacional (IDES-I) mostra que os países da UE com melhor desempenho são também líderes a nível mundial. As maiores economias da UE não são líderes digitais, o que indica que é necessário acelerar a transformação digital para que a UE possa cumprir com êxito a dupla transformação digital e ecológica. Ao longo dos últimos cinco anos, foi a Irlanda quem registou os progressos mais significativos, seguida dos Países Baixos, de Malta e de Espanha. Estes países apresentam também um desempenho bastante acima da média da UE, tal como determinado pela pontuação do IDES.

Uma vez que a pandemia teve um impacto significativo em cada uma das cinco dimensões seguidas pelo IDES, as conclusões respeitantes a 2020 devem ser lidas tendo em mente as diferentes medidas tomadas pela Comissão e pelos Estados-Membros para gerir a crise e apoiar a recuperação. Os Estados-Membros tomaram medidas para minimizar o contágio e apoiar os sistemas de saúde, nomeadamente através da introdução de aplicações e plataformas para facilitar a telemedicina e a coordenação dos recursos de saúde. A Comissão também tomou medidas, como a formulação de uma recomendação relativa a um conjunto comum de instrumentos da União para a utilização da tecnologia e dos dados para combater a crise e gerir a saída da mesma, em especial por via de aplicações móveis e da utilização de dados anonimizados em aplicações de rastreio. A pedido da Comissão, o Organismo dos Reguladores Europeus das Comunicações Eletrónicas (ORECE) começou a monitorizar o tráfego na Internet para evitar o congestionamento.

Principais conclusões em cinco domínios digitais

O Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade acompanha os progressos realizados nos Estados-Membros em cinco grandes domínios, nomeadamente a conectividade, as competências digitais, a utilização da Internet pelos particulares, a integração das tecnologias digitais pelas empresas e os serviços públicos digitais.

A conectividade melhorou, mas ainda há muito a fazer para dar resposta às necessidades, que crescem a um ritmo muito rápido. Os Estados-Membros estão a transpor para a legislação nacional as novas regras da UE adotadas em 2018, que visam promover o investimento em redes de capacidade muito elevada, tanto fixas como móveis. 78 % dos agregados familiares dispunham de uma assinatura de banda larga fixa em 2019, contra 70 % há cinco anos, e já quase toda a população europeia tem acesso a redes 4G. Contudo, apenas 17 Estados-Membros (mais cinco do que no ano passado) já atribuíram o espetro para as bandas pioneiras 5G. A Finlândia, a Alemanha, a Hungria e a Itália são os países mais bem preparados para a 5G. 44 % dos lares da UE já dispõem de redes fixas de banda larga de capacidade muito elevada.

São necessários mais progressos no domínio das competências digitais, em particular porque a crise do coronavírus demonstrou a importância dessas competências para que os cidadãos possam aceder à informação e aos serviços. Grande parte da população da UE (42 %) continua a não dispor de competências digitais básicas. Em 2018, cerca de 9,1 milhões de pessoas trabalhavam como especialistas em TIC na UE, o que representa um aumento de 1,6 milhões de pessoas em 4 anos. 64 % das grandes empresas e 56 % das PME que recrutaram especialistas em TIC em 2018 comunicaram que tinham tido dificuldades para preencher essas vagas.

Embora a pandemia tenha resultado num aumento acentuado da utilização da Internet, essa tendência já era visível antes da crise, com 85 % das pessoas a utilizarem a Internet pelo menos uma vez por semana (contra 75 % em 2014). As chamadas vídeo foram o instrumento que registou o maior aumento, passando de 49 % dos utilizadores da Internet em 2018 para 60 % em 2019. A popularidade dos serviços bancários e das compras pela Internet, hoje utilizados respetivamente por 66 % e 71 % dos utilizadores da Internet, também aumentou em relação ao passado.

As empresas estão cada vez mais digitalizadas, com as grandes empresas a assumirem a liderança nesse processo. 38,5 % das grandes empresas já recorrem a serviços avançados de computação em nuvem e 32,7 % comunicaram que utilizam a análise de grandes volumes de dados. Quanto às PME, a esmagadora maioria ainda não utiliza estas tecnologias digitais, com apenas 17 % que utilizam serviços de computação em nuvem e 12 % que recorrem à análise de grandes volumes de dados. Quanto ao comércio eletrónico, apenas 17,5 % das PME venderam produtos ou serviços em linha em 2019, após um ligeiro aumento de 1,4 pontos percentuais em relação a 2016. Em contrapartida, 39 % das grandes empresas recorreram à venda em linha em 2019.

A fim de impulsionar o comércio eletrónico, a UE aprovou uma série de medidas que vão da eliminação das barreiras injustificadas e da simplificação e redução do preço da entrega de encomendas além-fronteiras à garantia da proteção dos direitos dos clientes em linha e à promoção do acesso transfronteiras a conteúdos em linha. Desde dezembro de 2018, os consumidores e as empresas podem procurar as melhores oportunidades de negócio em linha em toda a UE sem serem discriminados em razão da sua nacionalidade ou local de residência.

Por último, regista-se uma tendência crescente para a utilização de serviços públicos digitais nos domínios da administração pública e da saúde em linha, o que permite uma maior eficiência e poupanças para os governos e as empresas, uma maior transparência e uma maior participação dos cidadãos na vida política. Em 2019, 67 % dos utilizadores da Internet que tiveram de entregar algum formulário à sua administração pública utilizaram os canais em linha, contra 57 % em 2014. Este aumento demonstra o interesse da utilização dos serviços baseados nas TIC em relação aos serviços tradicionais., baseados no papel. Os melhores desempenhos neste domínio foram registados na Estónia, Espanha, Dinamarca, Finlândia e Letónia.

Contexto

O Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade é um índice anual que mede os progressos dos países da UE rumo a uma economia e a uma sociedade digitais, baseando-se em dados do Eurostat e também em estudos e métodos de recolha de dados especializados. Os relatórios do IDES de 2020 baseiam-se nos dados de 2019. A fim de melhorar a metodologia do índice e ter em conta os desenvolvimentos tecnológicos mais recentes, foram introduzidas algumas alterações na edição de 2020, que passou a abranger a cobertura da rede fixa de capacidade muito elevada. O IDES foi recalculado relativamente aos anos anteriores para todos os países, a fim de refletir as alterações na escolha de indicadores e as correções efetuadas nos dados subjacentes. As pontuações e classificações por país podem, assim, registar alterações em relação a publicações anteriores. Uma vez que os números são relativos a 2019, os dados do Reino Unido ainda foram incluídos no IDES 2020 e contabilizados para efeitos de cálculo das médias da UE.

Mais informações

Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade – IDES 2020

IDES 2020: Perguntas e respostas

Desempenho digital por país

Ferramenta de visualização dos dados

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Informação detalhada

Data de publicação
11 de junho de 2020
Autor/Autora
Representação em Portugal